SENSAÇÕES FORTES
Vai-se embora o mês de Fevereiro e leva com ele, as montarias. Uns terão boas recordações, outros, nem por isso.
Este método de caça, consta nos calendários venatórios das Zonas de Caça, e tornou-se "moda". Infelizmente, mesmo aquelas que têm um número muito reduzido deste "ungulado" (javali), que é o principal protagonista das montarias, também as incluem no seu calendário, prejudicando o "ingénuo" Monteiro que acreditou na dignidade dos Organizadores. Mas isso é outra história, que fica por contar e que um dia destes, analisaremos.
Agora! É tempos das "ESPERAS"!
Esta modalidade, também consta nos P.A.E.’s e nos calendários venatórios e têm a pretensão de oferecer aos apaixonados deste método de caça, vibrantes sensações e lances inesquecíveis que perdorarão na memória. Esta modalidade cinegética, como qualquer outra, não é para todos. Cada caçador tem uma modalidade favorita dentro do hemisfério venatório, sendo poucos, aqueles, que gostam de todas de igual modo.
As "esperas", e sem querer ferir susceptilidades, são para "homens de barba rija". Estas, proporcionam aos caçadores a oportunidade de se sentirem realmente sozinhos, de dscobrirem muitos sons e movimentos que nascem quando "morre o dia", e permitem fazer uma análise das nossas reações perante a incerteza, bem como interpretar os acontecimentos ocultos da escuridão. Proporciona-nos ainda o privilégio de nos distanciarmos por algumas horas de um progresso apenas assinalado no céu pelas luzes dos aviões. Tudo tão perto e tão longe, simultâneamente, tão confuso, tão propício para nos medirmos a uma curtíssima distância com um animal verdadeiramente selvagem, que nos torna tão pequenos, perante tanto mistério e grandeza.
É muito difícil, senão impossível, transmitir a sensação de cada "espera" a outra pessoa que nunca tenha realizado alguma. Estas sensações não se conseguem traduzir em palavras, sentindo até alguma frustação por não as conseguirmos partilhar. Não há nesta modalidade o meio termo, ou se amam, ou se odeiam.
O Caçador de "esperas" colocado no seu posto, sente outro mundo, não possível a todos. Ali, o céu é diferente. É muito mais profundo, contém muito mais estrelas (muito mais brilhantes), nas quais, se "desprende" uma de vez em quando, e "risca" o astro, no seu trajecto, que fica marcado pelo espectro do seu rasto.
...de repente, o ritmo cardíaco dispara com o estilhaçar de um pau. Aguarda-se alguns minutos, e da penumbra do emaranhado das estevas, surge imponente o "rei da mata". O bater da nossa máquina parece descordenar-se "chegando a agulha ao vermelho", sustem-se a respiração, levanta-se tremulamente a arma, tenta-se meter bem a cara, e...
Quero aqui salientar, que este tipo de caça não é como muitos julgam, uma caça assasina e bárbara. É sim, no regime ordenado, uma caça selectiva.
É na "esperas" que vão aparecendo os velhos navalheiros que sobreviveram ao longo de muitos anos a montarias e todos os métodos possíveis de caça (legais e ilegais). Geralmente, nas "esperas" abatem-se machos adultos, sendo éticamente incorrecto, abater fêmeas com listados ou juvenis. No caso de entradas com vários elementos, atira-se sempre ao mais volumoso (desde que não hajam "criancinhas"), sendo este normalmente o portador do troféu. Mas o objectivo é mesmo o solitário, tendo aqui, nós a certeza de que é um macho "dos tais".
No entanto, não se pense que em cada "espera", entra porco. Por vezes passa-se uma lua só a ouvir os sons da noite e a ver o brilho das estrelas.
Este método de caça, existe também, porque sendo este ungulado um animal de fácil reprodução e não tendo predadores naturais, tem aumentos brutais de população, causando devastadores prejuízos à agricultura, havendo a necessidade de o controlar.
Quem anda no terreno é conhecedor dos quantitativos populacionais e sabe até aonde deve ir. Tal qual, uma exploração de ovelhas, vacas, etc., proporciona-se alimento, zona de refúgio com condições para reprodução, e abatem-se os números excedentários. A isto chama-se gestão e ordenamento cinegético e carece de um trabalho "meticuloso" antes de nos podermos sentar no "palanque". Habituar um "javardo" a comer em determinado sítio, e mantê-lo a procurar o "jantar" todas as noites do ano, é uma árdua tarefa, que alguém terá que assumir.
Hoje em dia, o amante das "esperas" é um "caçador de troféus" que confia a sua posição "numa lua" a uma Empresa ou Associação (vocacionada para a modalidade), que se ocupa de a preparar. Mas também aqui, como nas montarias terá de haver "bom senso" por parte dos organizadores, e "credebilidade" por parte de quem se sentará no "palanque".
Boas esperas e óptimos troféus!
Manuel António
Vai-se embora o mês de Fevereiro e leva com ele, as montarias. Uns terão boas recordações, outros, nem por isso.
Este método de caça, consta nos calendários venatórios das Zonas de Caça, e tornou-se "moda". Infelizmente, mesmo aquelas que têm um número muito reduzido deste "ungulado" (javali), que é o principal protagonista das montarias, também as incluem no seu calendário, prejudicando o "ingénuo" Monteiro que acreditou na dignidade dos Organizadores. Mas isso é outra história, que fica por contar e que um dia destes, analisaremos.
Agora! É tempos das "ESPERAS"!
Esta modalidade, também consta nos P.A.E.’s e nos calendários venatórios e têm a pretensão de oferecer aos apaixonados deste método de caça, vibrantes sensações e lances inesquecíveis que perdorarão na memória. Esta modalidade cinegética, como qualquer outra, não é para todos. Cada caçador tem uma modalidade favorita dentro do hemisfério venatório, sendo poucos, aqueles, que gostam de todas de igual modo.
As "esperas", e sem querer ferir susceptilidades, são para "homens de barba rija". Estas, proporcionam aos caçadores a oportunidade de se sentirem realmente sozinhos, de dscobrirem muitos sons e movimentos que nascem quando "morre o dia", e permitem fazer uma análise das nossas reações perante a incerteza, bem como interpretar os acontecimentos ocultos da escuridão. Proporciona-nos ainda o privilégio de nos distanciarmos por algumas horas de um progresso apenas assinalado no céu pelas luzes dos aviões. Tudo tão perto e tão longe, simultâneamente, tão confuso, tão propício para nos medirmos a uma curtíssima distância com um animal verdadeiramente selvagem, que nos torna tão pequenos, perante tanto mistério e grandeza.
É muito difícil, senão impossível, transmitir a sensação de cada "espera" a outra pessoa que nunca tenha realizado alguma. Estas sensações não se conseguem traduzir em palavras, sentindo até alguma frustação por não as conseguirmos partilhar. Não há nesta modalidade o meio termo, ou se amam, ou se odeiam.
O Caçador de "esperas" colocado no seu posto, sente outro mundo, não possível a todos. Ali, o céu é diferente. É muito mais profundo, contém muito mais estrelas (muito mais brilhantes), nas quais, se "desprende" uma de vez em quando, e "risca" o astro, no seu trajecto, que fica marcado pelo espectro do seu rasto.
...de repente, o ritmo cardíaco dispara com o estilhaçar de um pau. Aguarda-se alguns minutos, e da penumbra do emaranhado das estevas, surge imponente o "rei da mata". O bater da nossa máquina parece descordenar-se "chegando a agulha ao vermelho", sustem-se a respiração, levanta-se tremulamente a arma, tenta-se meter bem a cara, e...
Quero aqui salientar, que este tipo de caça não é como muitos julgam, uma caça assasina e bárbara. É sim, no regime ordenado, uma caça selectiva.
É na "esperas" que vão aparecendo os velhos navalheiros que sobreviveram ao longo de muitos anos a montarias e todos os métodos possíveis de caça (legais e ilegais). Geralmente, nas "esperas" abatem-se machos adultos, sendo éticamente incorrecto, abater fêmeas com listados ou juvenis. No caso de entradas com vários elementos, atira-se sempre ao mais volumoso (desde que não hajam "criancinhas"), sendo este normalmente o portador do troféu. Mas o objectivo é mesmo o solitário, tendo aqui, nós a certeza de que é um macho "dos tais".
No entanto, não se pense que em cada "espera", entra porco. Por vezes passa-se uma lua só a ouvir os sons da noite e a ver o brilho das estrelas.
Este método de caça, existe também, porque sendo este ungulado um animal de fácil reprodução e não tendo predadores naturais, tem aumentos brutais de população, causando devastadores prejuízos à agricultura, havendo a necessidade de o controlar.
Quem anda no terreno é conhecedor dos quantitativos populacionais e sabe até aonde deve ir. Tal qual, uma exploração de ovelhas, vacas, etc., proporciona-se alimento, zona de refúgio com condições para reprodução, e abatem-se os números excedentários. A isto chama-se gestão e ordenamento cinegético e carece de um trabalho "meticuloso" antes de nos podermos sentar no "palanque". Habituar um "javardo" a comer em determinado sítio, e mantê-lo a procurar o "jantar" todas as noites do ano, é uma árdua tarefa, que alguém terá que assumir.
Hoje em dia, o amante das "esperas" é um "caçador de troféus" que confia a sua posição "numa lua" a uma Empresa ou Associação (vocacionada para a modalidade), que se ocupa de a preparar. Mas também aqui, como nas montarias terá de haver "bom senso" por parte dos organizadores, e "credebilidade" por parte de quem se sentará no "palanque".
Boas esperas e óptimos troféus!
Manuel António