terça-feira, 18 de março de 2008

MUDANÇA DE MENTALIDADE...PRECISA-SE



Estamos quase a entrar no mês de Abril e as saudades dos dias passados no campo com os companheiros das lides venatórias, começam a apertar.
Sonha-se com a nova época, que ainda vem longe, mas que se imagina, e se pretende fértil. Enquanto no calendário, vão caindo as páginas, vão-se vendo uns DVD’s sobre grandes caçadas Espanholas, e vai-se sonhando que para o próximo ano venatório, também assim será.
Mas infelizmente, há uma pequena diferença entre a mentalidade Portuguesa e a mentalidade Espanhola. É que nós somos os reis da teoria e usámo-la como combustível para alimentar o sonho, mas nada fazemos para enfrentar a realidade nem tentamos alterar essa mesma realidade, de modo a aproximá-la o mais possível do respectivo sonho.
Ninguém assume, que, pela caça em Portugal, pouco ou nada se faz para inverter uma tendência que, se encaminha no sentido directo do deserto cinegético (em algumas regiões), ou no sentido da capoeira (noutras regiões). Os caçadores Portugueses pouco ou nada fazem, pensando que fazem muito, por pagarem as suas quotas à Zona de Caça, à qual estão associados. O Governo faz ainda menos, massacrando e penalizando as mesmas, com taxas e imposições algo abusivas, como é o caso dos seguros obrigatórios das largadas e montarias, que as Zonas de Caça são obrigadas a possuir, aquando da realização das mesmas, sendo que os caçadores participantes e os próprios cães, já têm cada um o seu seguro obrigatório, para não falar da “aberrante” Lei 5/2006 de 23 de Fevereiro que cria mais um seguro (para estarmos bem “assegurados”) “conforme artigo 77º”, obriga os caçadores a submeterem-se a um curso de formação de “manuseio de armas???”, enquanto isenta os políticos e magistrados (onde está a igualdade?), e nos obriga a adquirir um “cofre” em casa para as armas e um cadeado na própria arma.
Toda a actividade cinegética, juntamente com as obrigações legais dos caçadores (licenças, uso e porte de arma, seguros, cartas de caçador, exames, etc), é uma importantíssima fonte geradora de receita, que entra nos cofres do Estado, sendo por isso, injusto que o Governo não invista, nem subsidie esta mesma actividade, limitando-se a legislar de forma a que os caçadores a subsidiem e ao mesmo tempo, colaborem na manutenção e preservação da floresta. Estes por sua vez, o que fazem, é pagarem o que têm a pagar e nada mais. Sentem-se com a consciência limpa, por darem a sua participação monetária.
Este modo de pensamento, não está certo de modo algum. Enquanto os caçadores Portugueses assim pensarem, estão a contribuir para o fim da caça em Portugal, porque o dinheiro, só por si, não produz espécies cinegéticas. O dinheiro é sim, uma parte importante mas intrínseca, nas necessidades básicas daquilo que se pretende e entende como ordenamento cinegético. O dinheiro compra, mas não organiza, nem tem sabedoria e muito menos tem pensamento. Para haver condições, mais do que a parte financeira é necessário, organização, cooperação, colaboração e muita vontade.
Se os caçadores Portugueses, além de pagarem, colaborarem e se interessarem em melhorar a sua Zona de Caça, assumindo-a como sendo uma coisa sua, então, não restarão dúvidas que ultrapassaremos os Espanhóis e que o sonho se tornará realidade.
Enquanto isso não acontecer, podem ir-se enganando em algumas Zonas de Caça, pagando nelas, num só dia, uma pequena fortuna, trazendo para casa metade do “galinheiro” que lá foi colocado (nesse dia) de manhã, contribuindo para enriquecer ainda mais aqueles que tendo um verdadeiro deserto cinegético de espécies autóctones, passam a vida a vender gato por lebre.
Ninguém tenha dúvida que em Portugal, quem quiser abater espécies cinegéticas 100% selvagens, terá que ser em Zonas de Caça credíveis.
É urgente que cada caçador faça uma reflexão, arregace as mãos, e colabore com trabalho ou invista na sua Zona de Caça, porque só assim, se conseguirá preservar um bem que se pretende cada vez melhor. Até porque o regime livre acabou!

Por nós, tentaremos lutar contra todos os factores prejudiciais ao bom desenvolvimento e melhoramento das nossas Zonas de Caça e conseguir minimamente encontrar, a proporcionalidade entre o capital de trabalho efectuado e a qualidade que se pretende oferecer.
Àqueles que pensarem como nós e acreditarem no nosso projecto, prometemos trabalho, dedicação e respeito por todas as partes envolvidas.
Manuel António

sábado, 15 de março de 2008

TERMINARAM AS MONTARIAS...CHEGARAM AS ESPERAS




Temos assistido nos últimos anos a uma grande expansão do javali e veado em quase todo o Território Nacional.
Uma série de factores têm contribuído para que estas espécies sejam cada vez mais abundantes (apesar da pressão cinegética a que têm estado submetidas), nomeadamente a do abandono dos campos e dos cultivos tradicionais e ao desaparecimento dos seus predadores naturais, como o lobo. Por outro lado, a expansão do javali tem contribuído para a diminuição do coelho e perdiz, por ser ele um dos seus principais predadores. Na realidade de ano para ano, o javali coloniza novas zonas, proporcionando inúmeras jornadas de caça, tendo-se convertido no objectivo prioritário de muitos caçadores portugueses, que abdicaram de certa forma da caça menor, em prol dele.
Esperas, batidas e montarias acontecem quase um pouco por toda a nossa geografia, tendo como anfitrião o javali, temido pela sua bravura e perigosidade quando ferido ou acossado. Contudo, não basta ir para o campo, cercar determinada área de matagal e introduzir os cães, para os abater. Por detrás de uma montaria, há todo um trabalho de preparação do terreno, que se inicia muitos dias e até meses antes. Pelo menos, assim tem acontecido nas minhas organizações. As manchas são estudadas previamente, e preparadas, investindo nelas determinado capital.
Tenho consciência de que não somos os melhores, nem tão pouco pioneiros de alguma coisa, mas tudo fazemos para não sermos os piores. Se pelo menos conseguirmos isso, teremos vontade e estímulo para irmos melhorando gradualmente, sem pensar em resultados, porque em montarias e esperas, estes são muito imprevisíveis, mas em qualquer caso, é obrigatório ficar-se com a consciência tranquila de que tudo o que se fez, foi bem feito e que efectuado de outra forma, seria errado.
Uma coisa é certa! Neste momento, o javali (pelo menos na nossa região) tem uma população bastante numerosa, sendo considerado abundante, logo, prejudicial á agricultura e á criação das espécies de caça menor, além de provocarem pagamentos indesejados de indemnizações aos proprietários por parte das Associações que têm a obrigação de os manter controlados.
É nessa lógica que são necessárias as esperas e montarias, e não, como alguns julgam, para fazer carne e dinheiro. Acredito, que nalgumas Associações isso aconteça (mais pelo dinheiro), mas aqueles (e já são bastantes), que preenchem as suas agendas com montarias durante todo o calendário venatório, á procura dos troféus das suas vidas, já começam a saber fazer a distinção.

Após finalizar o mês de Fevereiro e com o encerramento das montarias, iniciam-se as esperas, que só o serão se forem efectuadas com o espírito selectivo, e em locais onde realmente haja animais.
Como todos sabemos, este “ungulado” é um animal que “migra” em função da alimentação. Ou seja, durante todo o ano, há necessidade de lhes proporcionar alimento, nos locais das esperas, para que eles se “querenciem, e não tenham que emigrar. Quem não investir neste método, que não é barato, não terá javalis nos cevadouros. Infelizmente, ainda existem “mentalidades” que em vez de alimentar os animais, prefere usar uma mentalidade “criminosa” de colocar no terreno, dejectos industriais pesados e poluidores do Ambiente, como os óleos e combustíveis, para atraírem os javalis que aí se deslocam para eliminarem os parasitas externos. É um método barato e criminoso, no entanto, existe muita gente, que não olha a meios para atingir os fins.
Quero com isto alertar “quem de direito”, que não é só nas montarias que se procura “colher sem semear”, também nas esperas fazem o mesmo, com a agravante de obrigarem a natureza a pagar uma factura muito elevada, para poderem encher os bolsos, com a troca do milho e trigo por óleo queimado.
Saudações cinegéticas!


Manuel António