sábado, 15 de março de 2008

TERMINARAM AS MONTARIAS...CHEGARAM AS ESPERAS




Temos assistido nos últimos anos a uma grande expansão do javali e veado em quase todo o Território Nacional.
Uma série de factores têm contribuído para que estas espécies sejam cada vez mais abundantes (apesar da pressão cinegética a que têm estado submetidas), nomeadamente a do abandono dos campos e dos cultivos tradicionais e ao desaparecimento dos seus predadores naturais, como o lobo. Por outro lado, a expansão do javali tem contribuído para a diminuição do coelho e perdiz, por ser ele um dos seus principais predadores. Na realidade de ano para ano, o javali coloniza novas zonas, proporcionando inúmeras jornadas de caça, tendo-se convertido no objectivo prioritário de muitos caçadores portugueses, que abdicaram de certa forma da caça menor, em prol dele.
Esperas, batidas e montarias acontecem quase um pouco por toda a nossa geografia, tendo como anfitrião o javali, temido pela sua bravura e perigosidade quando ferido ou acossado. Contudo, não basta ir para o campo, cercar determinada área de matagal e introduzir os cães, para os abater. Por detrás de uma montaria, há todo um trabalho de preparação do terreno, que se inicia muitos dias e até meses antes. Pelo menos, assim tem acontecido nas minhas organizações. As manchas são estudadas previamente, e preparadas, investindo nelas determinado capital.
Tenho consciência de que não somos os melhores, nem tão pouco pioneiros de alguma coisa, mas tudo fazemos para não sermos os piores. Se pelo menos conseguirmos isso, teremos vontade e estímulo para irmos melhorando gradualmente, sem pensar em resultados, porque em montarias e esperas, estes são muito imprevisíveis, mas em qualquer caso, é obrigatório ficar-se com a consciência tranquila de que tudo o que se fez, foi bem feito e que efectuado de outra forma, seria errado.
Uma coisa é certa! Neste momento, o javali (pelo menos na nossa região) tem uma população bastante numerosa, sendo considerado abundante, logo, prejudicial á agricultura e á criação das espécies de caça menor, além de provocarem pagamentos indesejados de indemnizações aos proprietários por parte das Associações que têm a obrigação de os manter controlados.
É nessa lógica que são necessárias as esperas e montarias, e não, como alguns julgam, para fazer carne e dinheiro. Acredito, que nalgumas Associações isso aconteça (mais pelo dinheiro), mas aqueles (e já são bastantes), que preenchem as suas agendas com montarias durante todo o calendário venatório, á procura dos troféus das suas vidas, já começam a saber fazer a distinção.

Após finalizar o mês de Fevereiro e com o encerramento das montarias, iniciam-se as esperas, que só o serão se forem efectuadas com o espírito selectivo, e em locais onde realmente haja animais.
Como todos sabemos, este “ungulado” é um animal que “migra” em função da alimentação. Ou seja, durante todo o ano, há necessidade de lhes proporcionar alimento, nos locais das esperas, para que eles se “querenciem, e não tenham que emigrar. Quem não investir neste método, que não é barato, não terá javalis nos cevadouros. Infelizmente, ainda existem “mentalidades” que em vez de alimentar os animais, prefere usar uma mentalidade “criminosa” de colocar no terreno, dejectos industriais pesados e poluidores do Ambiente, como os óleos e combustíveis, para atraírem os javalis que aí se deslocam para eliminarem os parasitas externos. É um método barato e criminoso, no entanto, existe muita gente, que não olha a meios para atingir os fins.
Quero com isto alertar “quem de direito”, que não é só nas montarias que se procura “colher sem semear”, também nas esperas fazem o mesmo, com a agravante de obrigarem a natureza a pagar uma factura muito elevada, para poderem encher os bolsos, com a troca do milho e trigo por óleo queimado.
Saudações cinegéticas!


Manuel António

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